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Começar, outra vez.


Se há coisa que eu gosto é de começar. De forma geral, todos temos a predisposição para continuar o que já estamos a fazer, mas acabo sempre por ouvir uma campaínha a tocar numa divisão da casa que eu nem sabia que existia. Sigo o som e acabo por abrir uma porta que me leva a uma sala forrada de ideias novas, de possibilidades. Nunca consigo fechar estas portas. Às vezes entro por elas, outras deixo-as entreabertas, mas nunca mais desaparecem. São a minha oportunidade de começar algo que nunca fiz ou que nem sabia que queria fazer, a ideia de fazer crescer uma casa a partir da minha imaginação.

Desde que a pandemia tomou conta do nosso cenário a ditar quarentenas e denominações raramente usadas (não me lembro de alguma vez ter dito ou escrito "distanciamento social" antes disto), dei por mim entregue às minhas ideias, aos meus impulsos imaginativos mais do que nunca. Tenho por hábito escrever cada uma delas num caderno, sempre acompanhado de rabiscos que só eu entendo. Com tanto tempo nas mãos, as páginas foram aumentado exponencialmente, frases atabalhoadas de coisas possíveis e impossíveis. Há quem lhe chame projectos, mas acho que não é bem isso. Não sei bem o que são. Olho para eles como a protagonista desta foto, uma espécie de espuma ao vento à procura de uma maneira de sobreviver à mais leve brisa. Às vezes desfaz-se, outras vezes fica por cá o tempo suficiente para nos lembrarmos dela.

Há duas semanas, quis começar um blog. Acabei a construir um site inteiro à minha medida, um sítio onde possa espraiar ideias sem a ditadura dos likes. Talvez seja a minha maneira de entrar por uma dessas portas misteriosas e fazer crescer alguma coisa de novo. Começar, outra vez. Bem-vindos!


David

(post escrito ao som de "Don't Miss It" de James Blake)

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